Uruguai

Informe regional Uruguai (2019)


 Fotografia no Uruguai: história e usos sociais

  • 1. Introdução
O objetivo deste Informe Regional é realizar um balanço bibliográfico sobre os títulos que tratam de fotodocumentação no Uruguai. Essa lista foi formada a partir da pesquisa e prospecção da internet e das referências adquiridas por meio do contato com os integrantes da rede FotoArq, e demais procedimentos indicados aqui.

AUTOR
OBRA
Aurelio González
Fui testigo: una historia en imágenes (link).
Centro de Fotografia de Montevideo
Guía del Archivo Fotográfico (link).
Daniel Elissalde
Surcando cuadros: una travesía de la fotografía en el cine (link).
Ernesto Beretta García;
Fernando Miranda; 
Gonzalo Vicci; 
Sandra Marroig; 
Daniel Elissalde
Artículos de investigación sobre fotografia (link).
Magdalena Broquetas San Martín
Fotografía en Uruguay: historia y usos sociales 1840-1930 (link).
Magdalena Broquetas San MartínLas fotografías de archivo y sus (im)posibilidades al contar la historia (link).
Magdalena Broquetas San Martín;
Mauricio Bruno
Fotografía en Uruguay, tomo II: historia y usos sociales 1930-1990 (link).
Magdalena Broquetas San Martín;
Mauricio Bruno;
Santiago Delgado 

Usos, itinerarios y protagonistas de la fotografía en Uruguay: documentos para su historia (1840-1915) (link).
Mario Spallanzani
Los lenguajes de la fotografía (link).
Martín Borteiro; 
Regina Chiappara
Tango revelado (link).

  • 2. Mini-resumos
  1. Borteiro, M., Chiapparra, R. Tango revelado (link).
    Obra inspirada no resgate do passado e como uma contribuição para manter o tango como um fenômeno cultural em desenvolvimento, Tango Revelado tem como objetivo ser o marco afetivo para a construção futura da identidade uruguaia. Imagens cotidianas que têm como padrão comum duas formas de expressão artística: o tango e a fotografia. Lugares, pessoas, costumes, acontecimentos e obras artísticas que identificam os uruguaios como país e região.

  2. Broquetas San Martín, M. (Ed.). Fotografía en Uruguay: historia y usos sociales 1840-1930 (link).
    Trata-se do primeiro tomo de um trabalho sobre a história da fotografía uruguaia. O estudo abrange o período de 1840-1930, e aborda a fotografia como um objeto de técnica de registro e meio de expressão, criada e produzida por autores e instituições com fins diversos.

  3. Broquetas San Martín, M. Las fotografías de archivo y sus (im)posibilidades al contar la historia (link).
    A autora apresenta algumas reflexões sobre a análise da imagem como documento. Através de alguns exemplos concretos o artigo procura fornecer um panorama geral sobre as condições necessárias para que as fotografias de arquivo possam ser utilizadas como fontes primárias para a história e para o conhecimento mais profundo da sociedade.

  4. Broquetas San Martín, M., & Bruno, M. (Eds.). Fotografía en Uruguay, tomo II: historia y usos sociales 1930-1990 (link).
    Segundo volume do estudo sobre a história da fotografía uruguaia. Abrange o período de 1930-1990, mantendo a preocupação por identificar usos, funções, autores, produtores e âmbitos de exibição e consumo da fotografia. Leva em conta as características da prática fotográfica em cada contexto, as possibilidades expressivas e de comunicação que a tecnologia disponível habilitou e os efeitos políticos e culturais de sua circulação.

  5. Broquetas San Martín, M., Bruno, & Delgado, S. (Eds.). Usos, itinerarios y protagonistas de la fotografía en Uruguay: documentos para su historia (1840-1915) (link).
    Por mais de duas décadas, ganhou força a ideia de que a história da fotografia incorporou diferentes dimensões de eventos e foi concebida entrelaçada com a história geral. De acordo com essa concepção, tanto os aspectos relacionados à história das técnicas fotográficas quanto as inúmeras funções sociais desempenhadas pelas imagens resultantes são relevantes. Essa publicação complementa a exposição e o correspondente livro Fotografía en Uruguay: historia y usos sociales 1840-1930.

  6. Centro de Fotografía de Montevideo. Guía del Archivo Fotográfico (link).
    O Guia apresenta inicialmente o histórico da formação do Centro de Fotografia, criado em 2002 implementando uma política de recepção de fotografias, que incluem daguerreotipos, ambrótipos, negativos de gelatina e prata em vidro e plásticos, negativos cromogênicos em plástico, cópias digitais feitas a partir de fotografias de gelatina e prata e cromogênicos em papel etc. O Guia apresenta também a descrição dos 39 conjuntos documentais que são custodiados atualmente pelo centro. Nos anexos são apresentadas as formas de tratamento da documentação, as protocolos de ingresso de documentos, tratamento e produção fotográfica; inclui ainda um glossário.

  7. Elissalde, D. Surcando cuadros: una travesía de la fotografía en el cine (link).
    É cativante a maneira pela qual a fotografia e o cinema nascem, assim como os efeitos que produzem em termos do modo de perceber o mundo. O livro tenta enquadrar esses dois fenômenos em dois processos que vão estruturar a história da imagem no Ocidente: aquela que busca uma democratização na produção de imagens e outra que busca um grau de fidelidade cada vez mais em termos de representação. da realidade. Busca, ainda, contextualizar o nascimento da fotografia e do cinema como pilares necessários naqueles processos aludidos anteriormente. O autor usa como exemplos filmes concretos, para demonstrar o papel da fotografia em cada um deles, não mais como arte, mas como objeto físico, tomando um traço da realidade ou como um "jeito de olhar". Capturando o efeito produzido pela imagem estática como um fotograma ou como uma imagem no papel, no meio do fluxo do cinema.

  8. Garcia, E., Miranda, F. Vicci, G. Marroi, S., & Elissalde, D. Artículos de investigación sobre fotografia (link).
    Trata-se de uma compilação de estudos e pesquisas, na forma de ensaios sobre fotografia no Uruguai do Centro Municipal de Fotografia (atual Centro de Fotografia de Montevideo). São apresentados os seguintes capítulos: ""Antes del daguerrotipo: gabinetes ópticos, cosmoramas, máquinas para sacar vistas y experimentaciones con los efectos de luz en Montevideo durante el siglo XIX"; "Rememo_ram: fotos de teatro en clave digital"; e "De pegar en papel a colgar en internet fotografía doméstica: desde el álbum familiar al blog de fotos".

  9. González, A. Fui testigo: una historia en imágenes (link).
    Este Livro reúne cerca de 300 fotografias do arquivo do diário El Popular (1957 - 1973). Aurélio González, um fotógrafo chave na história do fotojornalismo do Uruguai, foi fundamental na documentação do golpe de Estado do 1973. Todas as fotografias foram tiradas para o jornal El Popular em seu primeiro período, até seu fechamento pela ditadura. São imagens que alimentam a memória coletiva da história das vicissitudes de um povo em sua luta para alcançar melhores condições de vida e sua resistência ao autoritarismo.

  10. Spallanzani, M. Los lenguajes de la fotografía (link).
    Trata-se de uma publicação do antigo Centro Municipal de Fotografia (atual Centro de Fotografia de Montevideo) que apresenta artigos de pesquisa. Esse trabalho procura detalhar as especificidades, possibilidades e limitações da linguagem fotográfica, propondo uma abordagem sistemática que permita localizar e ponderar a participação da fotografia no campo das artes plásticas. Deste ponto de vista, ele desenvolve a análise de seu sistema de linguagens, de acordo com suas realizações como objetos, como um conjunto de signos e como processos de conformação. O primeiro ponto recolhe, sintetiza e aplica à linguagem fotográfica os critérios usuais de fundação gestáltica que gerencia a análise formal. O segundo toma como base as abordagens semióticas. O último apresenta de forma estruturada uma série de conceitos usuais na crítica de arte.

  • 3. Bibliografia Destacada
Selecionamos quatro títulos que estão listados como textos de referência e que nos chamaram a atenção, para tentar apresentar panorama significativo e amplo sobre a fotodocumentação uruguaia: o Guía por fornecer uma visão abrangente do universo fotográfico daquele país, os dois tomos sobre história e usos sociais da fotografia, por sua perspectiva histórica e o artigo de Broquetas que apresenta uma análise mais teórica sobre os usos da fotografia como fonte histórica.
  1. Centro de Fotografía de Montevideo. Guía del Archivo Fotográfico (link).
    Guía apresenta o histórico da formação da instituição, inciada em 1915, quando o governo de Montevidéu criou um laboratório fotográfico no Escritório de Informações e contratou Isidoro Damonte para cuidar de sua operação. Desde então, ele e outros fotógrafos trabalharam no registro da cidade, concentrando nas transformações urbanísticas e em celebrações, manifestações e eventos esportivos e de lazer, sob a premissa de mostrar uma cidade que estava se modernizando e apresentava um grande potencial turístico. A esse conjunto inicial de fotografias se somaram coleções recebidas por doação ou compradas pelo município no transcurso do século XX. Em 2002 foi criado o Centro de Fotografía de Montevideo, com a função de instalar arquivo com condições adequadas de armazenamento, com aquisição de equipamentos para digitalização e estabelecimento de parâmetros de tratamento documental. Com isso, a instituição implementou uma política de recepção de fotografias, que incluem daguerreótipos, ambrótipos, negativos de gelatina e prata em vidro e plásticos, negativos cromogênicos em plástico, cópias digitais feitas a partir de fotografias de gelatina e prata e cromogênicos em papel, etc.
    O Guía apresenta em seguida a descrição dos trinta e nove conjuntos documentais que são custodiados atualmente pelo Centro de Fotografia. O acervo é separado em “Subordinado Institucional”, com fotos tiradas pelo Escritório de Informações e em “Subordinado Privado”, com fotos recebidas via compra/doação de pessoas físicas e jurídicas.
    Nos Anexos do Guia são apresentadas as formas de tratamento da documentação separadas em Controle físico (planejamento e execução de ações de conservação preventiva e digitalização) e controle intelectual (organização dos conjuntos documentais, análise do conteúdo das imagens e informação relativa a seu contexto de produção). Apresenta ainda os protocolos da Política de Entrada e Tratamento de Doações e da Política de Produção Fotográfica, além de Glossário.

  2. Broquetas San Martín, M. (Ed.). Fotografía en Uruguay: historia y usos sociales 1840-1930 (link).
    O trabalho é baseado em um amplo e variado repertório documental. A equipe formada por Magdalena Broquetas - que também fez a coordenação geral-, Clara von Sanden e Mauricio Bruno avaliou os principais repositórios de Montevidéu - o Centro de Fotografia de Montevidéu, o Arquivo Nacional da Imagem do SODRE (Serviço Oficial de Difusão Radio Eléctrica), o Museu Histórico Nacional e a Biblioteca Nacional-, tentando identificar tipos de fotografias, temas, autores, etc. Da mesma forma, realizou uma consulta sistemática da imprensa periódica, revistas, semanários e livros ilustrados, não só para registrar a incorporação e usos de fotografias, mas para saber quando esta ou aquela técnica chegou ao Uruguai, quem se dedicou a ela, como evoluíram os preços e outros detalhes relevantes para conhecer as características da introdução e extensão da fotografia no Uruguai.  
    Além das questões centrais abordadas em cada capítulo, o livro explora o potencial da fotografia como uma fonte histórica e realiza sua análise crítica, dando conta dos conteúdos, o contexto político, social e cultural de produção, a técnica utilizada, bem como dos usos e significados atribuídos em diferentes conjunturas históricas. A obra representa uma contribuição essencial para conhecer os aspectos mais importantes questões relevantes e estabelecer as bases para novas pesquisas.
    No capítulo 1, Clara von Sanden analisa o impacto da chegada a Montevidéu em 1840 do abade Comte e suas primeiras fotografias com um dispositivo de daguerreotipo. Entre outras impressões, o autor analisa as posições de intelectuais como o exilado argentino Florencio Varela ou o médico oriental Teodoro Vilardebó, que destacaram a mudança radical que esta invenção produziria na percepção da realidade. O capítulo também aborda os primeiros passos da fotografia como um modo de vida e as razões pelas quais, nesta primeira etapa alcançou um público muito pequeno.
    No capítulo 2, Magdalena Broquetas analisa a evolução do retrato fotográfico até o início do século XX, identificando duas etapas. Uma até 1860, caracterizada pelo trabalho de fotógrafos itinerantes que percorriam diferentes países americanos e pela preocupação em reproduzir as formas do retrato pictórico. A segunda, pautada por uma certa "popularização" do retrato, resultante dos avanços técnicos que possibilitaram diminuir seu custo e atingir um público mais amplo. Isso contribuiu para a instalação de estúdios fotográficos permanentes e gerou, por sua vez, maior demanda por retratos que agora poderiam ser incluídos em cartões de visita ou enviados para familiares e amigos. A autora também faz uma análise de como as mudanças socioculturais acontecidas no Uruguai nos anos noventa refletiram nos temas dos retratos.
    No capítulo 3, Mauricio Bruno se aventura nas diferentes facetas da fotografia militar. O autor traça as origens e o desenvolvimento da "reportagem bélica", condicionado no início pelas limitações técnicas da fotografia. Apesar da proclamada "objetividade" das imagens, Bruno enfatiza que, em geral, esses registros foram tingidos com uma intencionalidade discursiva de significados diferentes, como pode ser visto nas imagens da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai ou nas guerras civis de 1897 e 1904. Outro aspecto considerado pelo autor é o uso comemorativo da fotografia militar, o seu papel na formação da identidade da corporação militar, a construção do "mártir" ou do "herói" e sua vinculação com a elaboração do "relato da nação".
    No capítulo 4, Mauricio Bruno aborda a evolução da fotografia amadora e das associações de fotógrafos desde a Sociedade Fotográfica de Amadores de Montevidéu fundada em 1884, até o fechamento do Foto Clube de Montevidéu no final de 1917. O lançamento para o mercado de câmeras e acessórios a um preço baixo, bem como o uso do filme contribuiu para popularizar essa prática entre a classe média da sociedade e também entre mulheres e crianças. Ao rever relatórios anuais e o desempenho das associações de fotógrafos, o autor destaca a preocupação manifestada em promover o caráter artístico das fotografias e o impacto gerado pela possibilidade da policromia ou o registro do movimento (o cinema).
    No capítulo 5, Isabel Wschebor trata as origens e o desenvolvimento da fotografia científica no Uruguai. A autora foca na análise do seu uso na medicina, especialmente em diagnóstico clínico e ensino, bem como em disputas sobre sua confiabilidade como técnica de observação e registro, ou sobre o respeito à privacidade dos pacientes.
    No capítulo 6, Magdalena Broquetas analisa o papel da fotografia como fonte de informação. Neste tópico, como nos anteriores, o desenvolvimento tecnológico pautou as modalidades e extensão do seu uso. Broquetas comenta sobre a incorporação da fotografia na imprensa (jornais, semanários, revistas, etc.), abordando especialmente as relações entre fotografia e a transformação da imprensa diária com a aparição das "primícias" e as "reportagens jornalísticas" sobre vários temas, acompanhadas com fotos tiradas.
    No capítulo 7, Magdalena Broquetas e Mauricio Bruno abordam o uso da fotografia para a identificação de pessoas, especialmente a serviço da vigilância e controle social. Os autores estudam o aparecimento de registros fotográficos policiais, tingidos no início por teorias racistas sobre "fisionomia da criminalidade", bem como discussões sobre a superioridade da fotografia à impressão digital para a identificação das pessoas. Nas primeiras décadas do século 20, a incorporação de fotografias na documentação pessoal foi estendida e abarcou outros usos como, por exemplo, na credencial cívica prevista na reforma eleitoral de 1924.
    No capítulo 8, Clara von Sanden explora o uso da fotografia na afirmação da identidade nacional e a personalidade internacional do Uruguai, especialmente no contexto do centenário. Nessa direção, a autora mostra a crescente preocupação do governo e do município de Montevidéu para contar com registros fotográficos que mostraram as paisagens, a produção, as obras arquitetônicas e de infraestrutura, os locais turísticos de país, para sua divulgação dentro e fora do Uruguai.

  3. Broquetas San Martín, M., & Bruno, M. (Eds.). Fotografía en Uruguay, tomo II: historia y usos sociales 1930-1990 (link).
    Após a edição em 2011 da Fotografia no Uruguai. História e usos sociais. 1840-1930, o Centro de Fotografia de Montevideo publicou em 2018 o livro em questão. Magdalena Broquetas e Mauricio de Bruno são os coordenadores da coletânea e também autores de alguns capítulos, juntamente com Alexandra Nóvoa, Clara von Sander.e Isabel Wschebor. Todos os capítulos foram concebidos com a intenção de analisar os múltiplos usos sociais e políticos da fotografia, sem descuidar da dimensão técnica que os condicionou e procurando incorporar bibliografia atualizada que desse conta dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais ocorridos no Uruguai durante o século XX. Ainda que evidentemente que o foco está na fotografia o livro propõe um modelo para a incorporação das representações visuais para o estudo da história. Por essa razão integra e em vários momentos dialoga com a historiografia dos diferentes períodos e temas tratados. Por outra parte, devido à universalidade de algumas destas práticas e a semelhança em relação com outros contextos regionais, os capítulos incorporam bibliografia que estuda processos semelhantes ou comparáveis em outros países. Estes textos foram importantes, não apenas na hora de estabelecer possíveis comparações, algo que está apenas esboçado e excede os propósitos do livro, senão, fundamentalmente para ampliar o universo de perguntas e hipóteses e enriquecer os tipos de fontes documentais para apreender aspectos tão diversos e pouco estudados. A fotografia foi o pilar da construção de um imaginário nacional de acordo com os interesses do Estado, ganhou terreno no campo da arte e lentamente consolidou um campo de produção "autoral"; sendo apropriado pelas classes médias como meio de auto representação individual e familiar; além de gerar novos recursos para pesquisa e divulgação científica. Ele tornou-se difundido nos meios de comunicação, cinema e televisão e foi fundamental no desenvolvimento de histórias para informação, entretenimento e construção de consenso político. Fotografia no Uruguai. História e usos sociais. 1930-1990 analisa e explica esse fenômeno no Uruguai.
    No capítulo 1, Mauricio Bruno aborda aspectos sobre a fotografia, propaganda e identidade nacional entre os anos de 1929 e 1972, onde a fotografia tem como objetivo a construção da imagem do país em que o Estado, em relação aos meios de comunicação privados, promoveu com força durante o século XX; mostrando através das fotografias o povo unido, apoiando seu líder. O resultado dessa comunhão nacional, ou seja, o espaço público e a sociedade modificados, melhorados, pelos seus sonhos e o trabalho dos uruguaios, eram demonstradas nas fotografias, utilizadas como meio de propaganda estatal na construção de um imaginário positivo sobre o país. Além disso, foram examinadas a criação, e as atividades de alguns órgãos que produziram este tipo de propaganda, como a Comissão Nacional do Turismo (CNDT) e o Escritório de Propaganda e Informações Montevidéu, tratando da relação com o funcionamento dos meios de comunicação privados que colocaram em circulação as imagens.
    No capítulo 2, Alexandra Nóvoa trata da fotografia no terreno da arte (amadorismo e modernidade – 1930-1967). Apresenta como surgiu o Foto Club Uruguaio, fundado em 1940, entidade de referência da fotografia, atuando como um centro de aperfeiçoamento técnico e estético para os fotógrafos amadores, com foco no ensino mutuo e a crítica razoada das obras. Apresenta também o Primeiro Salão Internacional Fotográfico (1931), o Primeiro Salão Nacional de Fotografia Artística (1940) e o Primeiro Salão Universitário de Arte, que em 1957 marcou a introdução da fotografia juntamente com pintura, desenho, escultura, cerâmica, arte publicitário e tapeçaria.
    No capítulo 3, Mauricio Bruno foca na produção de relatos visuais como dispositivos de informação e entretenimento, impulsionado pelos meios de comunicação em massa. Trata da relação da imprensa com a fotografia onde grandes diários utilizavam as fotos para ilustrar as matérias jornalísticas entre as décadas de 1930 e 1960, com ênfase nas inovações técnicas que as fizeram possíveis, em alguns dos temas que os preocuparam e por sua vez a construíram e também nos espaços que circularam.
    No capítulo 4, Isabel Wschebor apresenta um panorama sobre o lugar da fotografia e o cinema na pesquisa e na divulgação cientifica no Uruguai entre os anos de 1945 e 1973.
    No capítulo 5, Clara von Sanden examina questões vinculadas à representação e a representação individual e familiar, indissociáveis do crescimento do universo de usuários de máquinas fotográficas e a popularização de uma prática que, mesmo sem ainda alcançar a todos os setores sociais, aprofundou seu caminho para a democratização. Apresenta a mudança da fotografia de objeto de luxo para uma massificação do uso de máquinas fotográficas, graças ao seu barateamento. O ofício de fotógrafo não desapareceu nesse período, mas criou um novo oficio chamado “fotógrafo a domicílio” e também os estúdios fotográficos.
    No capítulo 6, Magdalena Broquetas estuda as práticas foto periodistas desenvolvidas, em um primeiro momento, em um contexto de intensa mobilização social e autoritarismo governamental e em um segundo momento, correspondente à ditadura civil-militar.
    No Capítulo 7, Mauricio Bruno trata da fotografia e propaganda durante a ditadura civil militar entre 1973 e 1983, onde o diversos órgãos e instituições orientadas ao turismo e a comunicação se dedicaram a construir uma imagem positiva do país. O Estado precisava elaborar as imagens de uma convivência idílica entre os uruguaios e de um país em paz, moderno, pujante para desmentir as denúncias acerca de da violação dos direitos humanos divulgadas pelos setores de oposição. Além disso, devido as necessidades de promoção da indústria turística, uma das apostas do governo para reativar a economia em crise, fizeram com que o governo criasse o Conselho Nacional de Turismo com a função de ser um agente de produção e circulação de fotografias, audiovisuais e outros produtos gráficos focados na propaganda turística e também institucional.
    No capítulo 8, Alexandra Nóvoa aborda a renovação do Foto Club Uruguaio e o surgimento da fotografia “de autor”, bem como o início da fotografia contemporânea uruguaia.

  4. Broquetas San Martín, M. Las fotografías de archivo y sus (im)posibilidades al contar la historia (link).
    Através de alguns exemplos concretos o artigo procura fornecer um panorama geral sobre as condições necessárias para que as fotografias de arquivo possam ser utilizadas como fontes primárias para a História e para o conhecimento mais profundo da sociedade. Assim, longe de "falar" por conta própria, as fotografias fazem sentido sempre e quando possamos reconstruir seu contexto de produção ou, em outras palavras, dependendo do grau de descontinuidade entre o passado registrado e o presente do observador. A autora questiona em que medida uma imagem fotográfica adquire uma natureza documental. Uma das respostas é que sem uma história particular, a fotografia se presta a usos arbitrários e pode, nesse caso, contar qualquer história, diferente ou mesmo oposta ao seu significado original. Então, separado do seu contexto original, essas fotografias são equivalentes a "objetos mortos". Através de diferentes exemplos de fotografias (concebidas no campo privado e público), a autora trata da importância de recuperar a especificidade do fotografado e as limitações quando as imagens de arquivo não contam com informações adicionais. Nesse sentido, uma avaliação rigorosa de seu conteúdo deve começar a partir da contemplação dos seguintes aspectos:
    • as técnicas fotográficas que deram origem as imagens;
    • o contexto de sua criação;
    • seus usos da época; e
    • suas possíveis relações com textos linguísticos ou outras imagens.
    O texto concluiu dizendo que o uso de uma imagem como fonte de informação deve primeiro abordar o estudo do objetivo pelo qual foi criado, sem descuidar que muitas vezes a chave para sua interpretação não é tanto nas escolhas de seu criador, mas nos propósitos de quem a encomendou.

  • 4. Principais indicações dos respondentes
Após a prospecção inicial, feita com a colaboração de dos arquivistas Yoanna Lizett Díaz Vázquez e Fabián Hernández Muñiz, entramos en contato com a autora Magdalena Broquetas San Martín, no Centro de Fotografia de Montevideo (CdF), para obter mais indicações sobre autores uruguaios com produção bibliográfica no âmbito da fotodocumentação. Segundo ela, os principais autores considerados como referentes para o trabalho do CdF são os seguintes:
  • autores uruguaios: Clara von Sanden, Isabel Wschebor, Magdalena Broquetas e Mauricio Bruno.
  • autores não uruguaios: Joan Boadas, Lluís-Esteve Casellas e Miguel Ángel Suquet.
Tais informações, complementan os dados obtidos nos resultados da prospecção inicial (aqui):
  • autores uruguaios: Anabella Balduvino; Jorge Ameal e; Juan Antonio Varese.
  • autores não uruguaios: Boris Kossoy; Geoffrey Barchen; Joan Boadas; Joan Fontcuberta; Juliet Hacking e; Luis Pavao (com destaque para Joan Boadas e Luis Pavao).


5. Análise genérica das obras 

A partir da pesquisa sobre a bibliografia, percebemos que talvez a maior fonte de informações sobre foto documentação no Uruguai é o Centro de Fotografia de Montevideo, que tenta concentrar toda a bibliografia relevante do tema e que tem como meta ser uma instituição de referência a nível nacional e regional, gerando conteúdos, atividades, espaços de intercâmbio e desenvolvimento nas diferentes áreas que compõem a fotografia em um sentido amplo e para um público diversificado. Além disso, ela vem trabalhando com a fotografia no sentido de incentivar a reflexão e o pensamento crítico sobre questões sociais, promovendo o debate sobre a formação da identidade e contribuindo para a construção da cidadania. Com base nesses princípios, desenvolve diversas atividades a partir de perspectivas plurais e por esta razão, conseguem manter padrões internacionais com uma coleção que contém imagens dos séculos XIX, XX e XXI, em constante expansão sobre a cidade de Montevidéu e, ao mesmo tempo promover a realização, o acesso e a divulgação de fotografias, por seus temas, autores ou produtores, de interesse patrimonial e de identidade, especialmente para uruguaios e latino-americanos. 

Além disso, tem um espaço para pesquisa e geração de conhecimento sobre fotografia em seus diversos aspectos com uma equipe de trabalho multidisciplinar, comprometida com sua tarefa, em permanente capacitação e profissionalização nas diferentes áreas do trabalho fotográfico. Para isso, promove diálogo aberto e criação de ligações com especialistas de todo o mundo e promove a consolidação de um espaço para reuniões, divulgação e intercâmbio de conhecimentos e experiências com pessoas e instituições do país e da região.

Boa parte das publicações pode ser encontrada na plataforma de publicação digital Issuu (https://issuu.com/cmdf/docs) e já foi objeto de nota técnica em revista especializada (aqui). Desde 2007, através de chamada pública, começou a publicar anualmente um livro fotográfico de autor, com o objetivo de promover e divulgar a fotografia e transcender a natureza efêmera das exposições. Em 2008, tentando estimular também a produção escrita em torno da fotografia e partindo do fato de ser um campo amplo e praticamente inexplorado, foi lançado um edital de publicação de artigos de pesquisa inéditos sobre Fotografia. Desde 2005, a CdF promove as Jornadas sobre Fotografía, evento anual que reúne a produção em torno de diversos temas relacionados à Fotografia, com a participação de profissionais locais e estrangeiros. Para a edição de 2018 do evento, o CdF oferece um site específico como espaço para conhecer os simpósios latino-americanos, ouvir seus protagonistas e acompanhar de perto tudo relacionado às Jornadas: 12 e a fotografia da América Latina. Este site é atualizado regularmente e pode ser visitado em www.redlafoto.org. Como informação adicional, o CdF tem um canal no Youtube (https://www.youtube.com/user/CMDFIMM/videos) onde podemos encontrar vídeos com entrevistas de autores, eventos e apresentações de livros promovidos pelo centro. 

Encontramos também livros/artigos sobre fotodocumentação no site da Biblioteca Nacional do Uruguai (http://www.bibna.gub.uy/) e na Red de Historia de los Medios (http://www.rehime.com.ar). 

  • 6. Autores uruguaios identificados nas autorias e citados como referência nos textos: 
  • Alexandra Nóvoa Mendes; Clara von Sanden Oholeguy; Daniel Elissalde; Ernesto Beretta García; Fernando Miranda; Gonzalo Vicci; Isabel Wschebor Pellegrino; Magdalena Broquetas San Martin; Mario Spallanzani; Martín Borteiro; Mauricio Bruno Tamburim; Regina Chiappara.; Sandra Marroig; Santiago Delgado.Obs: Cabe lembrar que esse levantamento não é exaustivo,e não se trata de uma análise bibliométrica.

  • 7. Autores não uruguaios citados nos textos como referência: 
  • Ana Maria Mauad; Boriz Kossoy; Claudia Feld; John Mraz; Peter Burke.
    Obs: Cabe lembrar que esse levantamento não é exaustivo,e não se trata de uma análise bibliométrica. 

  • 8. Referências
  1. Borteiro, M., Chiapparra, R. (2013). Tango revelado. Montevideo: CdF. Recuperado de  https://issuu.com/cmdf/docs/tango_libro/

  2. Broquetas San Martín, M. (Ed.). (2011). (Ed.). Fotografía en Uruguay: historia y usos sociales 1840-1930. Montevideo: CdF. Recuperado de http://www.rehime.com.ar/escritos/documentos/idexalfa/b/broquetas/broquetas%20-%20Fotografia_e_historia.pdf

  3. Broquetas San Martín, M. (2013). Las fotografías de archivo y sus (im)posibilidades al contar la historia. Lo que los archivos cuentan 2, 87-109. Recuperado de  http://bibliotecadigital.bibna.gub.uy:8080/jspui/bitstream/123456789/50481/1/fotografias_archivo.pdf

  4. Broquetas San Martín, M., & Bruno, M. (Eds.). (2018). Fotografía en Uruguay, tomo II: historia y usos sociales 1930-1990. Montevideo: CdF. Recuperado de https://issuu.com/cmdf/docs/historia2_issuu

  5. Broquetas San Martín, M., Bruno, & Delgado, S. (Eds.). (2011). Usos, itinerarios y protagonistas de la fotografía en Uruguay: documentos para su historia (1840-1915). Montevideo: CdF. Recuperado de https://issuu.com/cmdf/docs/libro-fuentes

  6. Centro de Fotografía de Montevideo (2017). Guía del Archivo Fotográfico. Montevideo: CdF. Recuperado de http://cdf.montevideo.gub.uy/system/files/documentos/03.guia_.pdf

  7. Elissalde, D. (2013). Surcando cuadros: una travesía de la fotografía en el cine. Montevideo: CdF. Recuperado de https://issuu.com/cmdf/docs/elissalde

  8. Garcia, E., Miranda, F. Vicci, G. Marroi, S., & Elissalde, D. (2008). Artículos de investigación sobre fotografia. Montevideo: CdF. Recuperado de https://issuu.com/cmdf/docs/investigacion2009-cmdf_20101230_185616

  9. González, A (2012). Fui testigo: una historia en imágenes. Montevideo: CdF. Recuperado de https://issuu.com/cmdf/docs/fui-testigo

  10. Spallanzani, M. (2010). Los lenguajes de la fotografía. Montevideo: CdF. Recuperado de  https://issuu.com/cmdf/docs/investigacion2010-cmdf