Quatro variações em torno do tema acervos fotográficos

APA:
Lacerda, A. (2013). Quatro variações em torno do tema acervos fotográficos. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 7, 239-248. Recuperado de http://wpro.rio.rj.gov.br/revistaagcrj/wp-content/uploads/2016/11/e07_a11.pdf

Mini-resumo:
O artigo discute quatro variações de problemas na gestão de acervos fotográficos: as várias modalidades de formação documental subjacentes ao termo acervo fotográfico; a necessidade de buscar dados contextuais de produção documental e de formação desses conjuntos documentais; os desafios aos quais essa busca e a sugestão de instrumentos que auxiliem em uma contextualização dos acervos sob tratamento.

Resumo analítico:
O artigo discute a realidade documental presente nos acervos fotográficos e procura desenhar um quadro de questões sobre o trabalho que é desenvolvido com esses acervos. O texto enfoca quatro variações de problemas na gestão de acervos fotográficos: as várias modalidades de formação documental subjacentes ao termo acervo fotográfico; a necessidade imperiosa de se buscar dados contextuais de produção documental e de formação desses conjuntos documentais; os desafios aos quais essa busca está submetida e a sugestão de instrumentos que auxiliem os esforços por uma contextualização dos acervos sob tratamento.
Embora presentes em todas essas instituições de guarda, os documentos fotográficos que formam esses acervos não são objeto de especialidade de nenhuma delas em especial por alguma característica de natureza documental. Assim, os documentos fotográficos não são documentos tipicamente arquivísticos, embora sejam uma realidade nos arquivos de qualquer tipo a partir de seu aparecimento e uso como registro pelas instituições e pelos indivíduos ainda no século XIX; da mesma forma, não são itens característicos de bibliotecas, embora em sua origem tenham sido depositados nessas instituições assim como outras formas de representação visual (como estampas) e tenham sido objeto das técnicas de descrição biblioteconômicas; não são objetos específicos do campo da Museologia, ainda que guardem com ele estreita vinculação desde as primeiras coleções formadas no século XIX, advindas dos trabalhos científicos que utilizavam a fotografia como instrumento de registro.
É importante investigar as razões da concepção e do nascimento do arquivo ou coleção, seu desenvolvimento no tempo, os atores envolvidos no processo (especialmente em se tratando de arquivos pessoais e de coleções), os sentidos investidos na documentação pelo produtor ou guardador, as práticas que nortearam a produção das imagens, as funções que elas representaram no ambiente doméstico ou institucional do qual são substratos importantes, dentre outros aspectos relevantes. Todo esse entendimento precisa ser buscado de forma a dotar a documentação de um contexto esclarecedor sobre sua trajetória.
Um arquivo desmembrado pode ser virtualmente reunido graças a uma boa pesquisa sobre a história de formação e guarda do conjunto, por exemplo. O mesmo se aplica a coleções que foram dispersas. Também se constitui como de valor uma informação que esclareça ao pesquisador que ele está diante de um extrato documental de um conjunto que na origem foi muito mais íntegro e orgânico, e que foi objeto de várias intervenções, intencionais ou não, responsáveis pela redução de seu volume.
Embora seja importante a opção por uma abordagem metodológica que busque o conhecimento dos dados contextuais das fotografias nos arquivos e coleções, este caminho esbarra numa dificuldade que esses materiais apresentam: ao contrário de muitos documentos textuais característicos do universo dos arquivos, as imagens fotográficas normalmente não apresentam dados desse tipo na forma como se constituem documentalmente.
As instituições devem investir na produção de um instrumento – um questionário, por exemplo – com perguntas que busquem o levantamento de dados sobre a produção e a trajetória de custódia da documentação. Além disso, a possibilidade de produzir entrevistas com os doadores ou seus descendentes e alimentar uma base de dados com essas entrevistas, visando subsidiar o tratamento técnico da documentação, deve ser analisada visando a sua implantação, para que se constitua, junto aos arquivos e coleções, uma documentação que será valiosa para a articulação do conteúdo dos documentos com os dados extra documentais, coletados a partir das lembranças dos que efetivamente concorreram para a existência e sentido da documentação.


Outros itens:
  • Área predominante (além de fotografia): Arquivologia.

ficha: Rinaldo Morelli