APA:
Lopez, A. (2000). As razões e os sentidos: finalidades da produção documental e interpretação de conteúdos na organização arquivística de documentos imagéticos (Tese de doutorado). São Paulo: Universidade de São Paulo. Recuperado de http://eprints.rclis.org/12862/
Mini-resumo:
O texto discute as especificidades e os problemas encontrados na organização dos registros imagéticos. Arquivistas brasileiros geralmente analisa e organiza os registros com base apenas na descrição do tema das imagens, não consideram os motivos que foram responsáveis por sua geração como registro. Acervos desta organizados desta maneira são colocados sob suspeita, não seguem os princípios apresentados pela Ciência Arquivística.
Resumo analítico:
O autor considera que no Brasil a análise e organização de documentos individualizados são feitas geralmente descrevendo o conteúdo informativo das imagens. O texto propõe que o contexto de produção tem um papel primordial para garantir a compreensão da gênese documental, a identificação dos conteúdos e a utilização na pesquisa histórica. Importante considerar que o documento imagético, significativamente mais do que o textual, tende a sofrer inúmeras reciclagens e novas atribuições de sentido que o descontextualiza de sua origem, ao mesmo tempo que promovem novas recontextualizações. A proposta é que estas questões sejam mediadas pela aplicabilidade de caminhos metodológicos propostos pela Escola de Warburg, onde encontramos os iconografistas empenhados em desvendar o conteúdo implícito das obras de arte. Destaque para Erwin Panofsky, que classifica três níveis de interpretação que correspondem a três níveis de significado. O primeiro, voltado ao significado primário ou natural, é a descrição pré-iconográfica. Esta descrição consiste na identificação de formas puras, bem como de objetos e eventos presentes na imagem. O segundo nível, voltado ao significado secundário ou convencional, é a descrição iconográfica. Esta consiste não somente na descrição pura e simples dos objetos retratados, mas na ligação das composições da imagem com assuntos e conceitos. O terceiro e último nível, voltado ao significado intrínseco ou conteúdo, é denominado descrição iconológica. Esta descrição é definida pela descoberta e interpretação dos valores simbólicos presentes na imagem. A análise iconográfica do contexto da imagem contribui para que seus conteúdos sejam diferenciados, pelo arquivista, do contexto de produção do documento. Lembrando que a separação dos materiais fotográficos dos textuais antes da classificação arquivística impossibilita a reconstituição da organicidade dos materiais fotográficos, direcionando os esforços apenas para os processos de descrição da imagem para a recuperação da informação.O ponto fundamental é que a perda dos dados contextuais amplia as possibilidades de atribuição de sentido ao documento, uma vez que, na ausência desse vínculo original, quaisquer especulações passam a ter lugar. Como resultado, essa tendência o desqualifica como um documento de arquivo.
Outros itens:
- Áreas predominantes (além de fotografia): Arquivologia, História.
- Áreas secundárias: Arte, Filosofia.
ficha: Rinaldo Morelli